TECNOLOGIA E INCLUSÃO: O PAPEL DA MESA DE ANATOMIA NO COMBATE ÀS DESIGUALDADES EDUCACIONAIS EM CIÊNCIAS NATURAIS

  O acesso a laboratórios, recursos didáticos modernos e metodologias ativas ainda é marcado pela desigualdade em muitas escolas públicas brasileiras, especialmente quando se considera a área de Ciências da Natureza. O Lab Humanix nesse cenário, representa uma estratégia concreta para combater essas disparidades, democratizando o acesso ao ensino anatômico por meio de tecnologias visuais interativas e acessíveis, alinhadas à Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

  Essa ferramenta oportuniza que estudantes do Ensino Fundamental e Médio tenham contato direto com modelos tridimensionais de órgãos, tecidos e sistemas do corpo humano, fomentando o aprendizado por investigação, de acordo com o que orienta a BNCC (BRASIL, 2018). Em locais destituídos de estrutura para a construção de laboratórios de dissecação ou manipulação de peças biológicas, a Mesa oferece uma solução segura, sem riscos químicos ou biológicos, substituindo práticas tradicionais por simulações realistas e dinâmicas. Como apontam Estai e Bunt (2016), ferramentas digitais dessa natureza ampliam o engajamento dos discentes e facilitam a apropriação de conteúdos abstratos por meio da visualização espacial detalhada.

  Além do aspecto pedagógico, a Mesa atua como um vetor de inclusão educacional. A partir, por exemplo, da possibilidade de selecionar o corpo humano para ser estudado de acordo com diferentes etnias, sexos e condições fisiológicas, ela promove representatividade e respeito à diversidade no ambiente escolar. Ao viabilizar a comparação de modelos anatômicos digitais com imagens reais, realizar simulações de funcionamento de sistemas e acessar conteúdo interativo, essa tecnologia permite que estudantes com diferentes estilos de aprendizagem desenvolvam certas competências, como o pensamento científico, a análise crítica e a argumentação baseada em evidências.

  Vale pontuar que esse recurso contribui, ainda, para o desenvolvimento de habilidades digitais e para a articulação entre áreas como Biologia, Física e Química, favorecendo a interdisciplinaridade. A Mesa no modelo de Plataforma como Serviço (PaaS), garante a formação de professores, suporte técnico e atualização contínua do sistema, assegurando a sustentação da proposta a médio e longo prazo. Como indicam Dyer e Thorndike (2000), a renovação de metodologias no ensino das ciências requer soluções que respeitem a ética e ampliem o acesso sem prejuízo qualitativo, objetivos diretamente atendidos pela incorporação dessa ferramenta em escolas públicas.

  Dessa maneira, o Lab Humanix não apenas otimiza o ensino de anatomia na educação básica, mas também atua como um instrumento de equidade social e científica, ao permitir que todos os estudantes, independentemente da estrutura física de suas escolas, tenham acesso a experiências formativas de alto nível, integrando tecnologia, ética e inovação didática. Tal solução se consolida como aliada fundamental no enfrentamento das desigualdades educacionais em Ciências Naturais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: MEC, 2018. Disponível em: https://basenacionalcomum.mec.gov.br. Acesso em: 6 jul. 2025.

COLEMAN, R.; KOGAN, I.; O’CONNOR, S. Formaldehyde exposure in gross anatomy laboratories. Clinical Anatomy, v. 27, n. 6, p. 819–825, 2014.

DYER, G. S.; THORNDIKE, M. E. Quidne mortui vivos docent? The evolving purpose of human dissection in medical education. Academic Medicine, v. 75, n. 10, p. 969–979, 2000.

ESTAI, M.; BUNT, S. Best teaching practices in anatomy education: A critical review. Annals of Anatomy, v. 208, p. 151–157, 2016.

YAMMINE, K.; VIOLATO, C. A meta-analysis of the educational effectiveness of three-dimensional visualization technologies in teaching anatomy. Anatomical Sciences Education, v. 8, n. 6, p. 525–538, 2015.