A COMPARAÇÃO ENTRE MODELOS DIGITAIS E PEÇAS ANATÔMICAS REAIS COMO ESTRATÉGIA PARA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

  A apropriação eficaz dos conceitos de anatomia humana tem sido um dos principais desafios enfrentados por instituições de ensino na área da saúde. Os métodos tradicionais se centralizam, historicamente, na dissecação de cadáveres, fazendo com que o ensino anatômico enfrente, atualmente, limites éticos, legais e estruturais que exigem a reflexão e transformação das metodologias. É neste cenário que ferramentas tecnológicas como o Lab Humanix, surgem como estratégias determinantes para promover o engajamento e a compreensão profunda dos conteúdos, especialmente em ambientes como formativos em ciências da saúde.

  A possibilidade de visualizar peças anatômicas reais em comparação a seus modelos digitais correspondentes em uma funcionalidade específica da mesa, proporciona a experiência sensório-perceptiva direta com os tecidos humanos. Este recurso se mostra relevante em um contexto educacional marcado por limitações, como a crescente indisponibilidade de cadáveres, o alto custo de manutenção de laboratórios e os riscos biológicos e químicos associados ao formol (COLEMAN; KOGAN; O’CONNOR, 2014). Além disso, quando consideramos os modelos didáticos comumente apresentados, os aspectos como a coloração alterada dos tecidos preservados e a rigidez dos corpos dificultam a compreensão de relações morfofuncionais (ESTAI; BUNT, 2016).

  Em contrapartida, os modelos digitais tridimensionais, como os oferecidos pelo Lab Humanix, permitem a manipulação interativa de estruturas anatômicas, com visualização precisa em diferentes planos e possibilidade de simulações clínicas, como incisões e dissecação das camadas. Este recurso amplia a acessibilidade e segurança, além de favorecer o desenvolvimento do raciocínio anatômico e clínico em contextos diversos (YAMMINE; VIOLATO, 2015). A comparação direta entre os modelos digitais e imagens de peças reais contribui para integrar a aprendizagem visual à realidade concreta, favorecendo a construção de um conhecimento duradouro e aplicável.

  A relevância desta abordagem é reforçada pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), que refletem sobre a necessidade urgente de superação da dicotomia entre teoria e prática, promovendo a formação de profissionais críticos, éticos e tecnicamente preparados (BRASIL, 2014). A Mesa, ao articular recursos de anatomia, histologia, radiologia e tomografia, permite desde a compreensão de tecidos até a simulação de procedimentos cirúrgicos, conforme o perfil de competências estabelecido para cursos como Medicina, Fisioterapia, Enfermagem, Odontologia e Biomedicina.

  No ambiente técnico-profissionalizante, a interatividade da Mesa se apresenta como uma ferramenta particularmente valiosa, fomentando um aprendizado seguro e contextualizado, e viabilizando o ensino de anatomia em instituições que, muitas vezes, não possuem estrutura laboratorial adequada. Para hospitais escola e centros de pesquisa, a possibilidade de importar exames e planejar cirurgias em ambiente simulado representa um ganho expressivo para a formação e atualização de profissionais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CES nº 3, de 20 de junho de 2014. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 jun. 2014. Seção 1, p. 8–11. Disponível em: https://www.in.gov.br/web/dou/-/resolucao-n-3-de-20-de-junho-de-2014-40106854. Acesso em: 6 jun. 2025.

COLEMAN, R.; KOGAN, I.; O’CONNOR, S. Formaldehyde exposure in gross anatomy laboratories. Clinical Anatomy, Hoboken, v. 27, n. 6, p. 819–825, 2014.

ESTAI, M.; BUNT, S. Best teaching practices in anatomy education: A critical review. Annals of Anatomy, Amsterdam, v. 208, p. 151–157, 2016.

YAMMINE, K.; VIOLATO, C. A meta-analysis of the educational effectiveness of three-dimensional visualization technologies in teaching anatomy. Anatomical Sciences Education, Hoboken, v. 8, n. 6, p. 525–538, 2015.