O ensino de anatomia humana tem passado por um processo de evolução significativo ao longo das últimas décadas, impulsionado pela incorporação de tecnologias digitais interativas que transformam o modo como o conhecimento anatômico é construído, compreendido e aplicado. Tradicionalmente centrado na dissecação de cadáveres, o ensino nesta área enfrentava desafios éticos, legais, logísticos e de segurança, tornando-se, em muitos casos, inacessível ou limitado — sobretudo em instituições com infraestrutura restrita (Ghosh, 2017; Dyer & Thorndike, 2000).
Neste sentido, a Mesa Digital de Anatomia Asclepius, associada ao programa Humanix, representa um avanço didático relevante ao permitir uma exploração tridimensional e interativa do corpo humano, por meio de imagens reais de exames radiológicos, modelos anatômicos digitais e simulações fisiológicas, entre outros recursos inovadores. Essa tecnologia oferece suporte pedagógico completo, promovendo uma formação acadêmica mais dinâmica e segura. O uso de ferramentas digitais no ensino anatômico potencializa a compreensão espacial e melhora significativamente o desempenho dos estudantes, sobretudo em instituições de ensino superior que enfrentam limitações físicas para a oferta de aulas práticas tradicionais.
Além da interatividade, a Mesa Asclepius está alinhada às Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), que preveem a integração entre teoria e prática, o uso de metodologias ativas e a valorização das competências clínicas, técnicas e humanas nos cursos da área da saúde. Ao permitir a realização de simulações de procedimentos cirúrgicos, estudo de imagens clínicas reais e análise de tecidos histológicos, a mesa amplia as possibilidades formativas de cursos como Medicina, Enfermagem, Fisioterapia, Odontologia e Biomedicina, promovendo o raciocínio clínico e a habilidade diagnóstica.
Além de seu impacto pedagógico, a adoção deste tipo de tecnologia é estratégica para universidades públicas e privadas que buscam modernizar suas práticas educativas e atender às expectativas dos estudantes contemporâneos. Como apontam Yammine e Violato (2015), o uso de ambientes digitais interativos no ensino da saúde contribui para uma aprendizagem mais engajada, autônoma e contextualizada, aspectos essenciais para a formação acadêmica de excelência.
Dessa forma, a inovação didática proporcionada por recursos como a Mesa Digital Asclepius não apenas complementa ou substitui práticas tradicionais, mas redefine os padrões de qualidade e acessibilidade no ensino anatômico. Sua incorporação nas universidades representa um passo decisivo rumo a uma educação em saúde mais tecnológica e eficaz.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COLEMAN, R.; KOGAN, I.; O’CONNOR, S. Formaldehyde exposure in gross anatomy laboratories. Clinical Anatomy, v. 27, n. 6, p. 819–825, 2014.
DYER, G. S.; THORNDIKE, M. E. Quidne mortui vivos docent? The evolving purpose of human dissection in medical education. Academic Medicine, v. 75, n. 10, p. 969–979, 2000.
GHOSH, S. K. Human cadaveric dissection: a historical account from ancient Greece to the modern era. Anatomical Sciences Education, v. 10, n. 2, p. 103–111, 2017.
YAMMINE, K.; VIOLATO, C. A meta-analysis of the educational effectiveness of three-dimensional visualization technologies in teaching anatomy. Anatomical Sciences Education, v. 8, n. 6, p. 525–538, 2015.
