DIGITALIZAÇÃO DO CORPO HUMANO: A EXPERIÊNCIA DA MESA HUMANIX EM AMBIENTES DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

  Museus de História Natural desempenham papel essencial na mediação entre ciência e sociedade. As representações do corpo humano compõem exposições temáticas neste cenário, e desafios recentes nesta área de estudo têm gerado novas demandas, como, por exemplo, de novas tecnologias. À medida que tais instituições incorporam ferramentas tecnológicas digitais aos seus acervos, a Mesa Digital de Anatomia Humanix surge como uma inovação pedagógica capaz de promover a digitalização do corpo humano e suas estruturas com rigor científico, acessibilidade e ética. Sua aplicação em contextos museológicos otimiza as possibilidades de engajamento com o público, ao mesmo tempo em que redefine práticas expositivas ligadas à anatomia humana.

  A Mesa permite que os espectadores visualizem de forma realista os órgãos, sistemas e tecidos do corpo humano, além de gerar modelos tridimensionais instantâneos a partir da renderização de exames de imagem reais, e oferecer simuladores interativos. Dessa forma, o visitante pode explorar sistemas anatômicos completos, realizar dissecações virtuais e interagir com conteúdos que antes exigiriam a manipulação de corpos reais. 

  A Humanix transcende os ganhos educacionais, atendendo também a exigências éticas e logísticas enfrentadas por instituições que mantêm material humano em exposição. Ao substituir peças biológicas por modelos digitais, evita-se a exposição de cadáveres e assegura-se uma postura mais respeitosa em relação à dignidade humana. Cury (2019) destaca que práticas museológicas contemporâneas devem considerar os aspectos simbólicos, jurídicos e morais da exibição de corpos, especialmente em espaços públicos voltados à educação.

  Outro diferencial da mesa é a diversidade de fenótipos dos corpos que podem ser selecionados para observação. A plataforma permite alternar entre modelos com diferentes biotipos, etnias e sexos, contribuindo para uma experiência mais inclusiva e representativa. Conforme observam Botelho e Silva (2017), a diversidade corporal nos recursos visuais é essencial para estimular a identificação do público e fomentar práticas científicas mais democráticas.

  Com suporte do programa Humanix — que oferece formação docente, roteiros pedagógicos e assistência técnica —, a Mesa Digital de Anatomia Humanix reforça o compromisso dos museus como espaços de divulgação científica, democratização do conhecimento e valorização da tecnologia como ferramenta educacional. Sua presença em ambientes de história natural amplia a capacidade de tais instituições de provocar curiosidade, promover inclusão e cultivar o pensamento crítico entre seus visitantes.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOTELHO, M. N.; SILVA, M. C. Representatividade corporal nos materiais didáticos de ciências da saúde: uma análise crítica. Revista Educação em Questão, v. 55, n. 47, p. 141–159, 2017. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/educacaoemquestao. Acesso em: 01 Ago. 2025.

CURY, Marília Xavier. Ética e museus: reflexões sobre o tratamento de restos humanos em acervos científicos. Cadernos Museológicos, v. 8, n. 2, p. 120–135, 2019. Disponível em: https://cadernosmuseologicos.museus.gov.br. Acesso em: 01 Ago. 2025.

YAMMINE, K.; VIOLATO, C. A meta-analysis of the educational effectiveness of three-dimensional visualization technologies in teaching anatomy. Anatomical Sciences Education, v. 8, n. 6, p. 525–538, 2015.