As críticas mais recorrentes nas discussões educacionais contemporâneas estão intimamente relacionadas com a fragmentação entre teoria e prática no ensino da saúde. Especificamente quando se considera o ensino de Anatomia Humana, essa dicotomia se expressa de forma histórica na distância entre o conteúdo teórico ministrado em sala e sua aplicação nos contextos clínicos e laboratoriais. A superação dessa separação é uma diretriz clara das políticas educacionais brasileiras, como evidenciam as Diretrizes Curriculares Nacionais (BRASIL, 2014), e implica na adoção de metodologias mais integradas, dinâmicas e contextualizadas. Atendendo plenamente estes desafios, a Mesa Digital de Anatomia Humanix representa uma alternativa promissora para aproximar o conhecimento teórico da prática real de forma ética, segura e tecnologicamente atualizada.
A plataforma traz, em suas diversas funcionalidades, recursos como a possibilidade de visualização tridimensional e a manipulação de estruturas anatômicas reais, com base em exames clínicos de imagem, favorecendo a aplicação imediata do conhecimento e estabelecimento de relações com a realidade. Essas ferramentas estimulam o raciocínio anatômico-clínico e o desenvolvimento de competências práticas desde os primeiros períodos dos cursos da área da saúde. Segundo Azer e Azer (2016), a aprendizagem ativa baseada em visualização digital promove melhor apropriação de conceitos complexos, fomentando o pensamento crítico.
Além disso, a interatividade proporcionada pela Mesa permite a simulação de situações clínicas complexas, integrando anatomia, fisiologia, patologia e diagnóstico por imagem. Essa articulação entre áreas favorece a construção sólida de um saber mais aplicado e interdisciplinar, reduzindo a compartimentalização do ensino. Conforme apontado por Finn et al. (2011), o uso de tecnologias digitais no ensino da anatomia encurta a distância entre o conhecimento básico e sua aplicação clínica, especialmente quando utilizado em ambientes de simulação realística e laboratórios interativos.
Sendo assim, é possível prever os diversos efeitos positivos da adoção de tecnologias interativas como a Mesa Digital de Anatomia, que viabiliza a superação da dicotomia entre teoria e prática, qualificando o processo formativo de forma integrada e atualizada. A ferramenta endossa a formação clínica e científica dos estudantes, ao mesmo tempo que amplia o acesso a práticas significativas, mesmo em contextos com infraestrutura limitada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZER, S. A.; AZER, S. Virtual reality in anatomy education: A review of the literature. Anatomical Sciences Education, v. 9, n. 6, p. 544–553, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1002/ase.1612. Acesso em: 15 jul. 2025.
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos da Área da Saúde. Brasília: MEC, 2014. Disponível em: https://www.gov.br/mec/. Acesso em: 15 jul. 2025.
FINN, G. M. et al. The future of anatomy: learning the anatomy of the new curriculum. The Anatomical Record, v. 294, n. 2, p. 202–208, 2011. Disponível em: https://doi.org/10.1002/ar.21293. Acesso em: 15 jul. 2025.
PAECH, D. et al. The role of 3D printing in anatomical education: A systematic review. Annals of Anatomy, v. 229, p. 151435, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.aanat.2020.151435. Acesso em: 15 jul. 2025.
