A NOVA ERA DA DISSECAÇÃO: A MESA HUMANIX COMO ALTERNATIVA ÉTICA E TECNOLÓGICA PARA MUSEUS DE ANATOMIA

  O ensino da anatomia humana tem sido, por séculos, fundamentado na prática da dissecação cadavérica, como também acontece com a constituição de acervos museológicos voltados à saúde. Contudo, desafios éticos, legais e logísticos tornaram esse modelo cada vez mais controverso e limitado (GHOSH, 2017). Museus de Anatomia Humana têm sido levados a repensar seus métodos de mediação científica, e é nesse contexto que a Mesa Digital de Anatomia Humanix, surge como uma alternativa inovadora à dissecação tradicional, atendendo plenamente às novas demandas.

  A Humanix viabiliza ao público explorar estruturas do corpo humano sem a necessidade de contato físico com cadáveres, trazendo modelos anatômicos em resolução e a possibilidade de renderização de exames de imagem reais. Conforme destacam Estai e Bunt (2016), o uso de tecnologias visuais digitais determina uma maior segurança, precisão anatômica e respeito à dignidade humana. Essa solução tecnológica completa contribui para democratizar o acesso ao conhecimento, eliminando barreiras legais e culturais relacionadas à exposição de corpos reais.

  Além de responder a exigências de segurança e sustentabilidade, a mesa amplia as possibilidades de mediação educativa, permitindo a alternância entre corpos de diferentes sexos, etnias e condições de saúde, associada aos recursos de histologia, radiologia e tomografia, favorecendo uma abordagem mais crítica e representativa do corpo humano em toda sua diversidade (BOTELHO; SILVA, 2017). A preocupação em contemplar essa pluralidade é essencial em museus que buscam promover o diálogo entre ciência, cultura e sociedade.

  A substituição da dissecação por visualizações digitais otimiza a experiência de aprendizagem em anatomia, e tecnologias tridimensionais interativas aumentam a compreensão de estruturas anatômicas, além da apropriação de conceitos considerados complexos (YAMMINE; VIOLATO, 2015). Em museus, onde esse processo se dá de modo predominantemente não formal, a interatividade promovida pela Humanix posiciona o visitante no lugar de agente ativo da própria descoberta, o que é coerente com as diretrizes de museus contemporâneos voltados à educação científica (FALK; DIERKING, 2016).

  Neste sentido, a Mesa Humanix representa uma mudança de paradigma no modo como a anatomia pode ser ensinada e comunicada em espaços não formais como o museus, apontando um caminho concreto e promissor para renovar os acervos, estimular o pensamento científico e ressignificar o papel dos museus de anatomia humana no século XXI.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOTELHO, M. N.; SILVA, M. C. Representatividade corporal nos materiais didáticos de ciências da saúde: uma análise crítica. Revista Educação em Questão, v. 55, n. 47, p. 141–159, 2017. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/educacaoemquestao. Acesso em: 24 jul. 2025.

ESTAI, M.; BUNT, S. Best teaching practices in anatomy education: A critical review. Annals of Anatomy, v. 208, p. 151–157, 2016.

FALK, J. H.; DIERKING, L. D. The Museum Experience Revisited. Walnut Creek: Left Coast Press, 2016.

GHOSH, S. K. Human cadaveric dissection: a historical account from ancient Greece to the modern era. Anatomical Sciences Education, v. 10, n. 2, p. 103–111, 2017.

YAMMINE, K.; VIOLATO, C. A meta-analysis of the educational effectiveness of three-dimensional visualization technologies in teaching anatomy. Anatomical Sciences Education, v. 8, n. 6, p. 525–538, 2015.